O MORRO DO SALGUEIRO E SUA GENTE.
No principio do século, o português Domingos
Alves Salgueiro, dono de uma fabrica de conservas na Rua dos Araújos, na
Tijuca, bairro da zona norte da cidade do Rio de Janeiro, conhecido
originalmente pelo nome indígena de Tuyuca, “lama” em língua tupi, era também o
dono do morro que nasce onde existia antes uma fabrica de chitas (hoje é a
escola bombeiro Geraldo Dias). O morro se estende até a Muda da Tijuca,
confrontando-se com o morro do Trapicheiro, também chamado de Encanamento e
mais tarde Pedra de Santana ou Mirante Verde. Uma de suas áreas, que incluía locais
de acesso ao topo, pertencia ao conde Modesto Leal e ao Barão de Itacurussá, e
foi vendida ao governo a razão de 40 réis o metro quadrado.
Durante muitos anos, não foram pouco os
que se arrogaram proprietários do local, mandando e desmandando, mas a partir
de Domingos Alves Salgueiro, cujo o sobrenome se tronou referencia e depois
designação do morro, é que uma história contínua passou a ser vivida. Tendo mais
de 30 barracões para alugar, o seu Domingos era frequentemente procurado por famílias
que vinham de Minas Gerais, do interior do Estado do Rio de Janeiro, do sul da
Bahia e até mesmo do Nordeste, todos buscando no Rio uma melhor sorte. A fama
do morro do Salgueiro nas cidades mais próximas se devia principalmente as
visitas que os moradores faziam aos amigos e parentes, e contava quando não
cantava – as vantagens do morro. Os novos barracos que iam sendo levantados
eram construídos no regime de mutirão, e a festa da cumeeira era sem duvida um
grande acontecimento. Uma forte razão de aglutinação social que envolvia a
todos, que pouco a pouco, iam-se tornando compadres e comadres. Na interfusão
de hábitos e costumes, nada mais natural que as preferencias musicais
representassem aquele cadinho, microcosmo da realidade brasileira no que diz
respeito à criação artística popular. E, por isso, o Caxambu, a folia de reis,
o calango, o samba de roda eram cantados e dançados não só nas datas do calendário
folclórico do seu local de origem, como também em todas as festas, fossem de
cumeeira, aniversario ou casamento, acompanhados, como convém, de magníficos cozidos,
abundantes feijoadas ou suculentos mocotós. E as peixadas?...
Trecho
do livro. SALGUEIRO: ACADEMIA DE SAMBA.
Escritor
Haroldo costa (raiz salgueirense)
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