Por que você não frequenta o salgueiro?
É muito simples e real,
e mesmo procurando usar o bom senso confesso que declarações minhas diante
deste assunto magoava meu pai Djalma Sabiá, que em silencio me dava razão em
meio a tristeza despertada. É um mundo cheio de cobras criadas e venenosas com
raras exceções até na época de ouro, percebi que não era o ambiente que
gostaria de frequentar, no entanto, a união no e do morro era muito maior, as
confusões denotava interesse maior sobre o patrimônio que era a escola, nada é perfeito,
mas os atos de honra e honestidade eram maiores o tempo passou e as mudanças
aconteceram e vejam o resultado, são os piores possíveis.
Mas quem é você para
falar assim do Salgueiro, só porque é filho do Djalma?
A quem assim pensa em
me indagar respondo. Minha vida no samba foi tão ínfima que só desfilei uma
vez, praticamente na base da solidariedade de alguns integrantes, e até hoje me
fico perguntando por que quase cheguei a confrontar um grande diretor de bateria,
que era muito amigo de minha família por questão do relacionamento através do
meu pai e as famílias se relacionavam muito bem, até porque eram famílias
também tradicionais do morro como tantas outras.
Mas também tive o
privilégio que poucos tiveram e nunca irão ter porque muitos não se encontram
mais na Terra, frequentavam madrugada a dentro o barraco no beco das sete
cuias, que tinha como endereço rua Junquilhos 336,meu pai me achava ainda
pequeno muito estudioso, e muitas vezes pedia uma peruada no que ele fazia de
melhor, compor tocando o seu violão, eu ajudava um pouco nas correções nas
letras, dentre outros no barraco ia seu Geraldo Babão, seu Buguinho, Anescar,
Carlinhos sete cordas violonista clássico que vinha de são Paulo, Paulinho da
viola ainda menino por causa do seu Anescar, talvez ele nem se lembre mais eu
me lembro e me basta, os filhos de alguns deles sabe a vida boêmia que era
naqueles tempos.
Sem falar que morei
cinco anos na ladeira próximo a quadra da escola na época muito criança, eu
tinha bronca porque o barulho não me deixava dormir, mas frequentei, vi muitos
passistas, cabrochas, gente de minha família como meus irmãos saindo na
bateria, enfim sei e aprendi por estas coincidências da vida algumas coisas
sobre o morro e a escola.
Hoje está tudo na base exclusiva
de interesses de dinheiro, poder, fama. É fato que isto ocorria nos velhos
tempos, mas a escola não era esquecida, todo mundo tem direito ao seu ganha
pão. Mas pergunto é preciso destruir a escola e sua história e tradição?
Perguntei a várias
pessoas salgueirenses porque não tem mais passista e rainha de bateria feita no
morro, nada contra a atual rainha, o que responderam foi. _ Só querem quem tem
fama.
Pensei com os meus
botões, se tem uma equipe de marketing algo está errado, a visão se encontra em
180º graus quando deveria ser de 360º, um bom marketing faz de uma pessoa
humilde estrela e exemplos não faltam.
Não estou aqui
acusando, julgando, apontando ninguém, até porque não tenho cacife para isto,
acho que todo mundo sabe o que faz, para a conta vir depois.
Para terminar, um repórter
perguntou ao Djalma sabiá, qual o melhor presidente que o Salgueiro teve?
Resposta do Sabiá, _ Todos
os presidentes dentro dos seus interesses e possibilidades fizeram o melhor que
puderam, da mesma forma que o Salgueiro precisava deles eles precisavam do
Salgueiro e estão na gloriosa história da academia.
Mas estes escritos não
vão ajudar em nada sem a personalidade nata de cada um que tem a principia responsabilidade
aberta a comunidade a despeito dos seus interesses.
Os ranchos e os seus desfiles
eram o glamour antes das escolas de samba de onde se originaram, muitos
imaginavam que não ia acabar, mas acabou, como as escolas estão acabando, o
sinal vermelho está acesso e isto vale para todas as escolas de samba.
Ruy
de Oliveira Costa.
(Pensador,
poeta, escritor, bloquista).
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